Coronavírus: desnutrição é fator de risco em população infantil
A desnutrição pode prejudicar a imunidade, tornando a criança mais vulnerável ao COVID-19
Para o alívio dos pais, crianças não estão no grupo de risco do coronavírus, que inclui idosos e pessoas com condições de saúde preexistentes. Mas uma pequena parcela da população infantil pode desenvolver sintomas sérios e precisar de cuidados hospitalares em caso de infecção.
Um estudo publicado recentemente pela American Academy of Pediatrics analisou mais de 2.000 casos confirmados e suspeitos de coronavírus em crianças, reportados pelo Centro Chinês de Controle de Doenças. Como em relatórios anteriores, a nova pesquisa constatou que a maioria da população infantil analisada apresentou sintomas leves ou moderados, como febre, tosse, dor de garganta, coriza, espirros e, às vezes, pneumonia.
Porém, cerca de 6% das crianças desenvolveram sintomas graves, como falta de ar e hipóxia (diminuição das taxas de oxigênio no ar, no sangue arterial ou nos tecidos). Em casos raros, apresentaram a síndrome do desconforto respiratório agudo, uma condição que impede o oxigênio de chegar aos pulmões e, portanto, apresenta risco de vida. Também segundo o estudo, bebês e crianças menores de cinco anos são os principais afetados pelos sintomas mais sérios.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou estar especialmente preocupada com crianças desnutridas, que são mais vulneráveis. Segundo a Organização, os dados epidemiológicos do coronavírus em jovens em crianças indicam que, de fato, eles não fazem parte do grupo de risco, no qual a doença desenvolve quadros mais graves. Porém, já houve mortes em tais faixas etárias.
“À medida que o vírus progride para países de baixa renda, estamos muito preocupados com o impacto que ele pode ter sobre grupos populacionais com alta prevalência de HIV ou entre crianças desnutridas”, disse "Tedros Adhanon Ghebreyesus, diretor-geral OMS.
Portanto, ainda que crianças não estejam entre os principais grupos afetados pela doença, é importante tomar cuidados para evitar a contaminação e fortalecer o organismo em caso de infecção. Dentre os cuidados necessários, a alimentação saudável e completa é indispensável.
imunidade e coronavírus: a importância da nutrição
Quando a imunidade está baixa, o organismo fica mais vulnerável a infecções e tem dificuldades para se recuperar durante um quadro de doenças como o coronavírus. Ao mesmo tempo, a boa alimentação está diretamente relacionada à imunidade, já que uma série de reações químicas feitas pelo sistema imunológico dependem de minerais, vitaminas e aminoácidos específicos.
Assim, enquanto uma dieta saudável e variada faz bem para a saúde e, por consequência, apoia a imunidade, uma alimentação pobre pode prejudicá-la. Portanto, comer bem deve ser um compromisso permanente para manter o bom estado nutricional das crianças
a desnutrição em crianças
Uma criança bem alimentada pode ser mais forte e resistente ao coronavírus. No entanto, dados mostram que a população infantil no mundo ainda sofre muito com a má nutrição.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 22% dos menores de cinco anos têm desnutrição crônica (quando a privação nutricional ocorre por um longo período de tempo, resultando em baixo crescimento, má desempenho escolar e capacidade intelectual reduzida.
Além disso, 17 milhões dos menores de cinco anos sofrem de desnutrição aguda, que ocorre pela ingestão insuficiente de alimentos ou alta incidência de doenças infecciosas, especialmente a diarreia. Segundo a OMS, a condição prejudica diretamente o funcionamento do sistema imunológico e pode levar ao aumento da gravidade, duração e suscetibilidade a infecções. O risco de morte também é acentuado.
A fome oculta em crianças é outro fator de risco em tempos de coronavírus. Nesse caso, o problema não é a falta de alimentos, mas sim a baixa qualidade deles. A comida pode ser deficiente em micronutrientes como vitaminas e minerais, necessários para o crescimento e desenvolvimento.
Muitas vezes, a criança não apresenta perda de peso e falta de concentração, podendo ocorrer até mesmo em obesos. Mas a fome oculta afeta a saúde e a vitalidade e pode ter consequências como carência de iodo, vitamina D, vitamina A e anemia. A falta de vitamina D, por exemplo, debilita o sistema imunológico, deixando a criança mais vulnerável a infecções.
o acompanhamento nutricional para fortalecer o sistema imunológico
Para garantir que o seu filho está obtendo tudo o que precisa pela dieta, o acompanhamento nutricional é necessário. O pediatra analisa fatores como peso e altura, além de conversar com os pais sobre a alimentação regular do filho.
Se necessário, o pediatra ou nutricionista pode sugerir ajustes na dieta, de modo a garantir as necessidades nutricionais do pequeno.
Cuide bem da alimentação do seu filho para evitar problemas nutricionais e manter a sua imunidade forte, reduzindo os riscos relacionados ao coronavírus.
Referências:
Dong Y, Mo X, Hu Y, et al. Epidemiological characteristics of 2143 pediatric patients with 2019 coronavirus disease in China. Pediatrics. 2020; doi: 10.1542/peds.2020-0702
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Unicef. Desnutrição.
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World Health Organization. Nutrition Landscape Information System (NLIS) Country Profile Indicators - Interpretation Guide.
Eugênio M. A. Goulart. A avaliação nutricional infantil no software EPI INFO* (versão 6.0), considerando-se a abordagem coletiva e a individual, o grau e o tipo da desnutrição. J Pediatr (Rio J) 1997;73(4):225-30.